Criada em 2019 para lutar pelo direito das mulheres indígenas e a preservação da cultura dos povos originários, a Marcha das Mulheres Indígenas chega à sua terceira edição com o lema “Mulheres Biomas em Defesa da Biodiversidade através das raízes ancestrais”.
O evento, ocorrido em Brasília entre os dias 11 e 13 de setembro, reuniu cerca de oito mil ativistas de diferentes Estados e mais de 170 territórios para a caminhada até a Esplanada dos Ministérios, reivindicando os direitos das suas comunidades e o combate à violência sofrida pelas mulheres indígenas.
A Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA) define o evento como um poderoso apelo por direitos iguais para as mulheres indígenas e para exigir acesso a cuidados de saúde de qualidade, educação e oportunidades de subsistência, além do fim das violências sofridas por essa parcela da população. Ações como a marcha visam promover o enaltecimento das ativistas, uma vez que muitas ainda não se reconhecem como atuantes da linha de frente do movimento.
Melina Risso, diretora do Instituto Igarapé, nomeia essas mulheres como “população invisível”, uma vez que elas mesmas não se reconhecem como atuantes e pertencentes ao movimento: “muitas delas enxergam como um trabalho parte do seu cotidiano, e por isso não se colocam como ativistas. Também tem a ver com um problema cultural sobre as expectativas que se tem sobre o papel da mulher. A voz dessas mulheres acaba calada em muitas situações”.
Nos últimos tempos, houve um crescimento significativo da mobilização e mais representatividade das mulheres, integrantes das comunidades ancestrais, em posições de poder, gerando perspectivas positivas para o futuro da causa indígena. “Mas já vimos que nossa presença no Congresso Nacional faz muita diferença. É importante ampliarmos nossas vozes nesses espaços de elaboração de política e onde temos visibilidade para nos posicionarmos sobre a realidade indígena” afirma Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Originários.